Hoje vamos conversar um pouco sobre a esclerose múltipla, uma doença rara de acordo com a classificação brasileira que acomete aproximadamente 30 mil brasileiros, o que equivale a 18 casos por 100 mil habitantes. A doença é duas vezes mais comum entre as mulheres do que entre os homens e, ao ser diagnosticada, os pacientes costumam ter entre 20 e 40 anos de acordo com o dados do Ministério da Saúde.

O que é esclerose múltipla?

A Esclerose Múltipla é uma desordem autoimune do sistema nervoso central. Ela é caracterizada pela deterioração da mielina (proteína que reveste os neurônios e facilita a condução dos impulsos nervosos).que cobre as fibras celulares no cérebro e na medula espinal, provocando inflamações em ambas, com subsequente destruição de oligodendrócitos e axônios. A desmielinização das fibras nervosas faz com que a velocidade de condução do axônio diminua e, consequentemente, resulta em prejuízos funcionais, como mobilidade reduzida, fraqueza muscular, fadiga, mau equilíbrio, mecânica anormal da marcha e disfunções cognitivas e autonômicas.

Qual é a causa da Esclerose Múltipla?

A sua causa ainda é desconhecida. Os cientistas acreditam que seja uma combinação de fatores genéticos e ambientais que contribuam para o desenvolvimento, mas o distinto gatilho ainda não foi descoberto.

Quais são os sintomas?

Existem muitos sintomas possíveis. Eles podem variar de pessoa para pessoa, dependendo da gravidade do distúrbio. Os sintomas notáveis mais comuns são:

  • Problemas de visão;

  • Tontura e vertigem;

  • Fadiga e fraqueza;

  • Dormência e formigueiro;

  • Problemas de marcha (dificuldade de caminhar), equilíbrio e coordenação;

  • Problemas na bexiga, intestino e disfunção sexual;

  • Dor Crônica e espasmos involuntários;

  • Mudanças emocionais;

  • Depressão;

  • Disfunção cognitiva.

Prescrição do Exercício como forma de tratamento

Barreiras ao Exercício

A aceitação do exercício como um tratamento positivo para os pacientes com esclerose múltipla está crescendo continuamente e tem ganhado força com os novos achados nas pesquisas científicas. Apesar disso, ainda há uma série de barreiras individuais que impedem que os pacientes com esclerose múltipla participem do exercício, incluindo:

  • Falta de auto crença em participar com sucesso;

  • Medo de aumentar os sintomas de fadiga após o exercício;

  • Percepção da falta de benefícios;

  • Preocupações com a segurança;

  • Falta de prazer.

 

Benefícios do Exercício

De acordo com os achados na literatura o exercício físico regular promove inúmeros benefícios aos pacientes com esclerose múltipla conforme podemos verificar no quadro abaixo:

Recomendações para o exercício em pacientes com esclerose múltipla

Exercício não é uma cura para a Esclerose Múltipla. No entanto, verificou-se que ele tem efeitos benéficos na redução da gravidade dos sintomas e, subsequentemente, na restauração da qualidade de vida dos pacientes. Os tipos de treinamentos benéficos e suas recomendações individuais são:

Considerações sobre Exercício como forma de tratamento para a Esclerose Múltipla

  • Considerações sobre os exercícios para pacientes com esclerose múltipla devem ser avaliadas antes, durante e após o exercício;

  • Antes de iniciar um programa de exercícios, um médico ou médico especialista deve ser consultado;

  • O programa de exercícios deve ser projetado especificamente para o paciente, dependendo das limitações físicas e do nível atual de condicionamento que deve ser determinado por meio de uma avaliação física e funcional;

  • Objetivos apropriados devem ser definidos e avaliados; antes, durante e depois do programa;

  • A fadiga do paciente deve ser registrada; antes, durante e após o exercício (o exercício deve ser evitado se a fadiga for relatada nesse dia);

  • O paciente deve ser observado durante o exercício por sinais de fadiga e perda de coordenação;

  • Frequência cardíaca, pressão arterial e esforço percebido pelos pacientes devem ser monitorados durante o exercício;

  • Não é recomendável aos pacientes a se exercitar ao ar livre em dias quentes (a menos que seja na água).

Precisando de um especialista em treinamento para a saúde entre contato, terei o maior prazer em poder ajuda-los.

Fernando Morais
Embaixador da Qualidade em Atividade Física, Exercício e Saúde
Personal Fitness Trainer certificado pela IFBB
CREF. 092883-G/SP

Referências

  • Horton, S., MacDonald, D. J., & Erickson, K. (2010). MS, exercise, and the potential for older adults. European Reviews Of Aging & Physical Activity, 7(1), 49-57

  • White, L. J., & Dressendorfer, R. H. (2004). Exercise and Multiple Sclerosis. Sports Medicine, 34(15), 1077-1100

  • Australian Bureau of Statistics. (2012, 06 27). 4429.0 – Profiles of Disability in Australia, 2009. Retrieved 21/10/13: http://www.abs.gov.au/ausstats/[email protected]/Lookup/4429.0Main+Features100182009

  • MS Australia.(2013) About MS. Retrieved 21/10/13: http://www.msaustralia.org.au/aboutms/causes.asp

  • “National Multiple Sclerosis Society.” Symptoms : National MS Society. N.p., n.d. Web. 21 Oct. 2013. <http://www.nationalmssociety.org/about-multiple-sclerosis/what-we-know-about-ms/symptoms/index.aspx>.

  • Tarakci, E., Yeldan, I., Huseyinsinoglu, B., Zenginler, Y., & Eraksoy, M. (2013). Group exercise training for balance, functional status, spasticity, fatigue and quality of life in multiple sclerosis: a randomized controlled trial. Clinical Rehabilitation, 27(9), 813-822.

  • “What makes it so hard? Barriers to health promotion Experienced by people with Multiple sclerosis and polio” Author: H, Becker et al. . Family and community health Journal. (2003); vol 27(1) pg 75–85

  • Stroud, N., Minahan, C., & Sabapathy, S. (2009). The perceived benefits and barriers to exercise participation in persons with multiple sclerosis. Disability & Rehabilitation, 31(26), 2216-2222.

  • Sabapathy, N., Minahan, C., Turner, G., & Broadley, S. (2011). Comparing endurance- and resistance-exercise training in people with multiple sclerosis: a randomized pilot study. Clinical Rehabilitation, 25(1), 14-24.

  • McCullagh, R., Fitzgerald, A. P., Murphy, R. P., & Mater, G. (2008). Long-term benefits of exercising on quality of life and fatigue in multiple sclerosis patients with mild disability: a pilot study. Clinical Rehabilitation, 22(3), 206-214.